Monday, October 01, 2007

Escapadela de Fim de Semana
Diário de uma Viagem supostamente Romântica


Dia 1
Coimbra – Provesende

Partimos de Coimbra, por volta do meio-dia. Apesar de todo o esforço feito para responder à chamada do despertador das 9.45, o corpo, de peso-pluma tornou-se peso-pesado, e a alavanca só funcionou por volta das 10.30.
Com malas ainda por fazer, e arrumos de última hora, aprontámo-nos em hora e meia, debaixo de nuvens pouco convidativas a um fim-de-semana romântico-cultural, nas margens do Douro.
A belíssima A24 devia ser também considerada uma das maravilhas de Portugal! Uma verdadeira pista do mais aveludado alcatrão, que acolhe condutores solitários na suas longas calcorreantes faixas.
Chegámos a Sabrosa duas horas e meia depois. Sob nuvens horrendas e chuva chata, iniciámos a nossa procura em busca do ninho de amor mais em conta para os nossos trocos contados. Hotel Inn, nada. Residencial não-sei-o-quê, nada. Residencial troca-o-passo, nada. Fazia quase noite, e nada. Nada. Nada. Lotação Esgotada ou 40 euros.
Vislumbrando o nosso semblante de desespero junto do balcão, aproxima-se o Sr. Manuel (“Manuel Matos, menina!”) e em jeito de confidência, diz-me “Oh menina, tenho lá um quartinho em minha casa, todo remodeladinho, mêmo ao vosso jeito! Faz inveja a muntas pensões, que cheiram a mofo e têm ratos! A minha [mulher] apronta-bos lá o quartinho que fica um mimo!”. Olhámos um para o outro e sorrimos, seria este o nosso ninho de amor! Agora restava ver o que nos esperava…
Entretanto já mais descansados, antes de conhecer o nosso lar, decidimos ir dar uma espreitadela a Provesende, aldeia que acolhia este fim-de-semana o Festival das Aldeias Vinhateiras. Embuídos pelo Teatro de Rua e demais surpresas na aldeia acabámos por nos atrasar para o nosso encontro com o Sr. Manuel. Novo encontro para as 19.30.
Entre as indicações por ele dadas e aquelas indicadas pelo seu companheiro Tinto, ficámos sem saber onde era realmente a casa. “Oh menina, onde vir uma carrinha com os dizeres TRANSPORTE DE ANIMAIS VIVOS, é aí!”. Iríamos nós dormir em casa dum carniceiro?...hum.
Bem, entre voltas e contravoltas, demos com a dita casa, onde a referida carrinha tinha uma placa de 10 cm TRANSPORTE DE ANIMAIS VIVOS . Se fosse por essa dica…Mas perdoa-se. Foi o companheiro Tinto.
O tal quartinho todo remodeladinho, mêmo ao nosso jeito, era afinal um aproveitamento de uma garagem. Todo coberto com ripas de madeira e com cheiro considerável a, digamos, MOFO, (“Este cheiro é do mau tempo!”, dizia-me o Sr. Manuel dos Transportes de Animais Vivos, já em jeito de desculpa), que fazia as delícias dos bichos da madeira, que se fartaram de fazer a festa ao longo da noite. E provavelmente, todas as noites.
Despedimo-nos do Sr. Manuel, agradecendo-lhe a amabilidade, dando a entender que as nossas poupanças só lhe poderiam render no máximo 30 euros. Grande erro. 20 euros e ele nem piscava os olhos. Regressámos a Provesende.

Depois dum jantar divinal, onde preparámos o estômago e o espírito para o concerto, ei-nos chegados à real Garagem dos Bombeiros Voluntários de Provesende para assistir ao concerto dos O’questrada. Público – aldeões e crianças.
Uma boa surpresa!
Fim de Concerto. Fim do dia.

No comments: