Monday, June 30, 2008

Into The Wild (2007)

Monday, June 23, 2008


Não te escrevo porque não posso, não devo.
Passam-me pelo corpo demasiados homens e em cada um deles encontro pedaços de ti, lembranças que perduram, luzes lusco-fuscos na penumbra das minhas memórias.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Sinto nos lábios sabores de outrora, amoras frescas que colhíamos, amor que fazíamos entre sonhos e ilusões.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Perdi a força e deixo-me levar por dois sorrisos e uma boa conversa, entre cigarros e pozinhos perlimpimpim. Agora sim, percebo-te. É difícil estar sozinho. É tão fácil cometer erros.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Transformei-me em algo até agora desconhecido em mim mesma. Estranho-me nas palavras, nos gestos, na velocidade com que me apaixono e desapaixono.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Digo-me e contradigo-me. Perco-me nos meus próprios pensamentos. Sinto demasiadas coisas, tantas que me fogem do papel, dançando à minha volta tal como crianças pueris.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Sinto-me agora num corpo que estranho, numa simbiose entre a menina e a mulher. Algo que tenho agarrado a mim, mas que ainda não me pertence por completo. Parece que às vezes tem força própria, uma força possante e intensa que domina o meu pensamento e me conduz à loucura.
Não te escrevo porque não posso, não devo.
Perco-me em outros braços para sentir algum calor do vazio que me deixaste.
Não te escrevo porque não posso.
Não devo.