Sunday, November 26, 2006

SONS EM TRÂNSITO'06

É já nesta 4.feira, que se dará início a mais uma edição do Festival Sons em Trânsito.

A Aveiro chegarão artistas desde a Indía, Argentina, Mali, França e claro três representantes portugueses, Aldina Duarte, Dazkarieh e Sara Tavares.

4.FEIRA - 29 Nov 2006


Ludovico Einaudi & Ballake Sissoko
apresentam o seu mais recente trabalho em parceria, Diario Mali.



Cristobal Repetto vem a terras lusas encantar o público com a
sensualidade do tango argentino.Preparem-se para uma viagem a Buenos Aires dos anos 30 através de tangos que contam histórias de “faca e alguidar”, de amores e desamores.
É ele, que abre as portas a esta 5ª Edição do Festival.


O resto da programação pode ser vista em www.set.com.pt .

Acrescento ainda o resto da noite será animada por DJs RU(.
Portanto, 4.feira poderão ver-me em pleno DJ session.

A volta ao mundo em 3 horas by Dj Filipa M.




Friday, November 17, 2006

Vasculhando no computador, encontrei isto... Lembras-te?
[Ah! Dias e Noites de Marasmo...!]

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Vou comprar sonhos!

"Sentamo-nos outra vez em casa!
Arranjaste inspiração não sei bem onde ou em quê! As verdades tão pouco ocultas quanto procuradas... Ninguém que se inspire com um pedaço de fumo que se esvanece à medida que toca em teus lábios, sussurrado-lhes espaços pouco uniformes de loucura pouco explicita, mas muito procurada e ansiada.
Enquanto uns ostentam a riqueza que emerge não em gestos simbólicos, mas em formas materiais de consumismo, consumismo este, que exalta o bom-senso de quem num gesto encontra não uma arma de luta, mas um auxilio recôndito à muito aclamado e tão poucas vezes despertado ou ate mesmo solucionado, outros apenas partilham espaços e musica não muito conhecida, mas de uma magia inebriante que tão pouco a maioria sequer reconhece como existente. Então, mas quem è que se ofereceu para te dar alguma coisa sem um pagamento prévio e exaustivo? Não, não respondas, é uma mera questão retórica que não exige nenhuma solução que confirme que existe sempre a excepção que não se coaduna de modo algum com a regra imposta e nunca sugerida por aqueles que ostentam apenas um poder figurativo e nunca interventivo!
Não fazemos parte da sociedade utópica que cada um de nos maquina quando encontra um espaço de reflexão e talvez de solidão; Não julgues nunca o aparente, por vezes, este torna-se ilusório ou ate mesmo falacioso, não uma falácia semelhante aquelas que se processavam nos estudos filosóficos dos século anteriores ao nosso, mas uma falácia que queremos e gostamos de impor a nós mesmos como sendo não uma falácia, mas sim a maior e a mais singelas das verdades.
Anos vindouros procurar-nos-ào não no virar da esquina, mas quem sabe se não virão num espaço tão curto e intemporario que nem nós, nem ninguém se deu conta que provavelmente até já chegaram; Não é bem paradoxal, mas também não consegue ser consensual ou até mesmo aceitável, sem ser ridicularizado ou até mesmo catalogado como uma loucura proferida por quem nem sequer consegue perceber o mecanicismo que a vida consegue obter nos seus caminhos tortuosos e dolorosos.
Gostavas de viver numa ideia? Não uma ideia qualquer, mas uma ideia esplendida, não daquelas que se consegue evocar todos os dias como exemplo retórico, mas daquele género de ideias que quando proferidas são bastante aclamadas e até mesmo exemplificativas?... Gostarias de viver como tal? Pois, acho que isso é intrínseco à maioria dos nossos semelhantes; Semelhantes na medida mecanicista que faz do ser humano uno, não enquanto ser pensante, mas simplesmente enquanto ser vivo que necessita dos mecanismos básicos que garanta a sua sobrevivência física. E da sobrevivência moral, quem toma conta? Que alimentos a saciarão e lhe proporcionarão uma satisfação tão única quanto orgásmica? Serão esses alimentos utópicos?
Já nada te traz cá de novo ou de volta... Onde deixaste tu as tuas asas de fogo, sim, aquelas que tu dizias poder voar se as usasses, onde as escondeste? Agora, esqueceste toda aquela imaginação que fazia de ti louco, pousaste as asas de fogo e saíste numa noite louca de tempestade, onde o vento se esconde do granizo, e disseste para ti mesmo: “vou comprar sonhos”, depois de voltas consecutivas à imaginação, decidiste que a droga seria o teu espaço de evasão... Voltaste para casa, mas certo de algo: “não comprei sonhos...comprei mentiras abusivas que apenas funcionam quando a ressaca não atormenta as vísceras mais entranhadas ou até mesmo esquecidas”... Pelo menos está ciente que os sonhos não se compram, apenas se idealizam e por vezes concretizam...nunca se compram...
Genuídade a quanto obrigas? Se me rotulares como louca, considerar-te-ei não falaciosa, mas pouco concreta..."


[by: Titi Fia]

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Thursday, November 16, 2006
















Esta menina, ultimamente anda-me a perseguir. Ou eu a ela. É simplesmente viciante! E acreditem que já algum tempo que não me viciava assim em alguém. É bom, bom, bom e bom este album, e será daquelas coisas para ouvir até enjoar...

Chama-se Juana Molina, e chega-nos da Argentina.Entre Kings of Convenience e Devendra, entre a rudeza a Cat Power e a sensualidade da Bjork, está ela. No seu melhor, no seu cantinho só para ela delineado. Upf! Que mulher....

Son é o nome do album. Definitivamente, a ouvir.

Natacha Atlas
Casa da Música, 8 Novembro 2006



Depois de algum tempo, sem tempo para a blogosfera, volto para partilhar a minha alegria e emoção sentida no concerto da grande diva do etno-pop.

No dia anterior ao concerto, eu e o meu compincha & companheiro [e tudo,tudo mais]decidimos, como de costume, à última da hora
que iamos ao Porto, no dia seguinte, ainda que com mil e uma coisas em atraso, ver o concerto exclusivo que Natacha Atlas daria na Casa da Música.

Tal como não poderia deixar de ser, fomos de jacto pela auto-estrada, deixando coimbra pelas 21h. Estando o concerto agendado para as 22h, escusado será dizer que nao chegámos a tempo de ver as 2/3 primeira músicas e mais uns trocos gastos no telemóvel para nos guardarem os bilhetes que haviamos reservado, ou melhor, que nos haviam ofertado. Depois de dar duas voltas ao Porto e mais uns enganos aqui e acolá, lá chegámos à Casa da Música, com o fogo no rabo, esbaforidos de uma viagem tão atribulada.
Sentadinha na bela da Sala Suggia (o comum Grande Auditório) onde Maarten van Severen ,Daciano da Costa, Sena da Silva fizeram um excelente trabalho de design. [Quer dizer, aquelas cadeiras bem que podiam ser mas confortáveis!]
Por algum tempo, desliguei-me do concerto para apreciar a decoração da sala. Para quem não conhece, o auditório tem um estilo minimalista e até futurista (palavras de uma leiga), tipo formato de uma caixa de sapatos, mas olhando para o lado direito, dás-te conta de um pulpito rocócó enorme, colado na parede, de cores aberrantes, leia-se dourado e azul bébé,linhas torneadas e floreadas,completamente despropositado. Pensei, "ok.É isto que deve ser arte." Depois lembrei-me de Picasso e do seu surrealismo e sosseguei...

Depois de me perder na análise estética da sala, voltei à Natacha Atlas.
De repente, apercebi-me que ela havia trazido uma catrefada de músicos [dos bons!]: 2 violinistas, 1 violoncelista, 1 encantador de serpentes, 1 tocador de darbuka [o primo!] uma cantadeira que tocava alaúde e 1 pianista - eram os Ensemble Orchestra.
Todo o concerto foi de uma qualidade excelente! Ela que era bastante dada às fusões electrónicas nomeadamente com música tradicional árabe e hindu, deixou as roupagens electrónicas e virou-se para o orgânico da emoção e da sensilidade, cantando agora praticamente só em indiano. A limpidez do som e a pureza da sua voz, deixava em cada tema cantado a vontade de não querer sair dali. Cada instrumentista cumpria a sua parte, resultando o todo numa composiçao musical quase perfeita onde cada instrumento ganhava o seu espaço próprio e fluia por toda a sala. O público estava contagiado. A prova disso foram os três encores e as 2.30h de espectáculo. Ninguém arredava pé e ela, espantada e na sua humildade,dizia que o publico era "muy caloroso" [sotaque castelhano].Pudera, naquele concerto não era para menos.
Na minha modesta opinião o seu trabalho anterior com os Krono´s Quartet, fez a senhora repensar, optando por deixar a electrónica,abraçando um registo mais acústico. Prova disso é Mish Maoul.

Mas eu ainda não estava satisfeita, por uma simples razão. Voltando um pouco atrás, esqueci-me de referir que Natacha Atlas vinha apresentar o seu mais recente trabalho Mish Maoul, do qual eu andava a ouvir com alguma insistência um dos temas, para mim um dos melhores,intitulado "Gnawa Bossanova". Eu ia expressamnete ao Porto para ouvir esse tema ao vivo. Contudo, depois dos dois encores ainda não o tinha ouvido.. Poderia ter tocado no início e eu nao ouvira? Era uma possibilidade.
No entanto, a senhora que, de tão emocionada que estava, confessou ao público que já tinha tocado tudo do alinhamento e que se nós tivessemos alguma sugestão.... Ora, eu sem pensar sequer uma vez, dou por mim a gritar de pulmões bem abertos "GNAWAAAA BOSSANOVAAA". Ela diz que não percebe, entretanto ouvem-se mais uma ou duas sugestões. Mas a senhora que mal percebe o nosso português lamentou nao perceber patavina do que estavamos a gritar. Despedem-se e vão para dentro dos camarins. O público insiste, batendo o pé, cantando, esbracejando, gritando, assobiando,enfim, cada um dava de si, o melhor que podia!

Eis se não quando... Voltam de novo, com ela a encabeçar o bando e de repente esboça qualquer coisa como " This is the last one... Gná Bôssnôv". Obviamente nao percebi logo, mas os da fila da frente olharam para mim, exprimindo uma cara do género "Aquela que tu pediste!".
Fiquei em extâse! Gritei, bati palmas, cantarolei... enfim, durante alguns minutos senti-me realizada!

Fica o conselho para ouvir. Natacha Atlas - Mish Maoul (2006)

Monday, November 06, 2006

PROCURA-SE UM


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
[Vinicius de Morais]

Wednesday, November 01, 2006

Vinicius - A evocação da vida



Hoje escrevo acerca do filme-documentário sobre a vida de Vinicius de Morais.
O Amor despertou-me a curiosidade para ver este filme sobre Vinicius de Morais. A banda sonora da minha história de Amor - Quarteto Morelenbaum - onde a voz de Paula Morelenbaum canta e encanta com as letras de Vinicius de Morais. Letras que canto quando estou triste. Letras que canto quando estou feliz. Em cada música para o bem e para o mal, encontro o conforto e a compreensão por vezes tão distantes.

Foi porque as letras de Vinicius sempre fizeram sentido para mim. Foi sempre porque me reconfortei nas suas letras, nos seus versos, na sua simplicidade. Foi porque me revejo e sinto cada acorde, cada verso na pele. Porque me emociono, porque danço, porque choro, porque rio.
Foi por tudo isto que hoje me sentei diante do grande ecrán para ouvir falar sobre a vida apaixonada, boémia, inquientante, com amores e desamores, a vida de Vinicius.
Qual Manual de Amor, qual comédia romântica! Estava tudo lá, condensada na vida de um só homem. Homem que tinha tanto para dar como para sofrer e fazer sofrer.Tanto para discorrer, para beber...
Uma poesia. Um hino ao Amor. Odes à paixão. A vida feita de e para a Poesia, para o Amor entre iguais. Um Amor infinito, utópico. Uma quimera, talvez...
O Amor puro ou a Pureza do Amor?

As questões da inevitabilidade da existência resumem-se uma coisa. VIVER.
Viver sem barreiras,viver sem medos, vive com Amor, com paixão, com sofrer, viver intensamente, viver para depois não dizer "se eu tivesse feito..." Viver para provar o veneno e dizer que nao se gosta[ Vou. Mas nao vou por aí] Viver para Amar. Viver para suspirar
Nao viver só para respirar. Viver para cheirar. Viver com todos os sentidos apurados. Com toda a curiosdade de uma criança. Viver sem preconceitos, sem limites.
Viver em busca de algo que é fugaz.
Para que questionar a existência filosófica do ser humano? Para quê questionar a inevitabiliadde da Morte? O próposito da vida? a busca da essência da vida?

Para quê?
Teremos alguma vez alguma resposta?

A única resposta possivel e ao alcance de todos, é só uma: Viver. Viver para aprender, para ensinar, para aconselhar. Viver para compreender os dilemas do outro, do amigo, do desconhecido que chora contigo, do conhecido que diz "olá" e que por vezes lhe acrescenta um sorriso rasgado. Viver para concluir que as respostas estão nas nossas históras de vida, histórias de felicidade e Tristeza, hstórias de amores e desamores, de amizade, fraternidade, de desencanto até...

A inquietude é aquilo que te faz questionar , que te atormenta, mas que no fundo te move e te leva a percorrer os caminhos escolhidos por ti. É o guia, que te dá algumas respostas e outras tantas dúvidas...

"Quem é homem de bem, nao trai
o amor que lhe quer seu bem
quem diz muito que vai, nao vai
e assim como nao vai, nao vem
quem de dentro de si nao sai
vai morrer sem amanhar ninguém
o dinheiro de quem não dá
é o trabalho de quem nao tem...."

[Berimbau, Vinicius de Morais e Baden Powell]

O vou-nao-vou, o faço-nao-faço, o digo-nao-digo, o aceito-nao-aceito...
Sabes que mais, VAI, FAZ, DIZ, ACEITA... VIVE! [ E depois diz-me como correu...]


Voltando ao Vinicius, a plena realizaçao do amor era a seu ver a razão da vida.E a poesia era o meio de tomar conhecimento e de espalhar essa verdade. Vinicius queria um mundo preparado para o amor, livre de limitações, pressões e humilhações. Um ideal eterno,portanto. Tal como ele, que através do seu legado poético e sabedoria transcrita para a música nos conforta e nos alenta os dia que correm.

Obrigado Vinicius pel simplicidade, pela inquietude, pela tua busca de felicidade, pela proclamação do Amor, dos afectos, das relações humanas, da Amizade.
Obrigado, meu branco mais negro do Brasil.
Obrigado pela poesia.