Thursday, November 16, 2006

Natacha Atlas
Casa da Música, 8 Novembro 2006



Depois de algum tempo, sem tempo para a blogosfera, volto para partilhar a minha alegria e emoção sentida no concerto da grande diva do etno-pop.

No dia anterior ao concerto, eu e o meu compincha & companheiro [e tudo,tudo mais]decidimos, como de costume, à última da hora
que iamos ao Porto, no dia seguinte, ainda que com mil e uma coisas em atraso, ver o concerto exclusivo que Natacha Atlas daria na Casa da Música.

Tal como não poderia deixar de ser, fomos de jacto pela auto-estrada, deixando coimbra pelas 21h. Estando o concerto agendado para as 22h, escusado será dizer que nao chegámos a tempo de ver as 2/3 primeira músicas e mais uns trocos gastos no telemóvel para nos guardarem os bilhetes que haviamos reservado, ou melhor, que nos haviam ofertado. Depois de dar duas voltas ao Porto e mais uns enganos aqui e acolá, lá chegámos à Casa da Música, com o fogo no rabo, esbaforidos de uma viagem tão atribulada.
Sentadinha na bela da Sala Suggia (o comum Grande Auditório) onde Maarten van Severen ,Daciano da Costa, Sena da Silva fizeram um excelente trabalho de design. [Quer dizer, aquelas cadeiras bem que podiam ser mas confortáveis!]
Por algum tempo, desliguei-me do concerto para apreciar a decoração da sala. Para quem não conhece, o auditório tem um estilo minimalista e até futurista (palavras de uma leiga), tipo formato de uma caixa de sapatos, mas olhando para o lado direito, dás-te conta de um pulpito rocócó enorme, colado na parede, de cores aberrantes, leia-se dourado e azul bébé,linhas torneadas e floreadas,completamente despropositado. Pensei, "ok.É isto que deve ser arte." Depois lembrei-me de Picasso e do seu surrealismo e sosseguei...

Depois de me perder na análise estética da sala, voltei à Natacha Atlas.
De repente, apercebi-me que ela havia trazido uma catrefada de músicos [dos bons!]: 2 violinistas, 1 violoncelista, 1 encantador de serpentes, 1 tocador de darbuka [o primo!] uma cantadeira que tocava alaúde e 1 pianista - eram os Ensemble Orchestra.
Todo o concerto foi de uma qualidade excelente! Ela que era bastante dada às fusões electrónicas nomeadamente com música tradicional árabe e hindu, deixou as roupagens electrónicas e virou-se para o orgânico da emoção e da sensilidade, cantando agora praticamente só em indiano. A limpidez do som e a pureza da sua voz, deixava em cada tema cantado a vontade de não querer sair dali. Cada instrumentista cumpria a sua parte, resultando o todo numa composiçao musical quase perfeita onde cada instrumento ganhava o seu espaço próprio e fluia por toda a sala. O público estava contagiado. A prova disso foram os três encores e as 2.30h de espectáculo. Ninguém arredava pé e ela, espantada e na sua humildade,dizia que o publico era "muy caloroso" [sotaque castelhano].Pudera, naquele concerto não era para menos.
Na minha modesta opinião o seu trabalho anterior com os Krono´s Quartet, fez a senhora repensar, optando por deixar a electrónica,abraçando um registo mais acústico. Prova disso é Mish Maoul.

Mas eu ainda não estava satisfeita, por uma simples razão. Voltando um pouco atrás, esqueci-me de referir que Natacha Atlas vinha apresentar o seu mais recente trabalho Mish Maoul, do qual eu andava a ouvir com alguma insistência um dos temas, para mim um dos melhores,intitulado "Gnawa Bossanova". Eu ia expressamnete ao Porto para ouvir esse tema ao vivo. Contudo, depois dos dois encores ainda não o tinha ouvido.. Poderia ter tocado no início e eu nao ouvira? Era uma possibilidade.
No entanto, a senhora que, de tão emocionada que estava, confessou ao público que já tinha tocado tudo do alinhamento e que se nós tivessemos alguma sugestão.... Ora, eu sem pensar sequer uma vez, dou por mim a gritar de pulmões bem abertos "GNAWAAAA BOSSANOVAAA". Ela diz que não percebe, entretanto ouvem-se mais uma ou duas sugestões. Mas a senhora que mal percebe o nosso português lamentou nao perceber patavina do que estavamos a gritar. Despedem-se e vão para dentro dos camarins. O público insiste, batendo o pé, cantando, esbracejando, gritando, assobiando,enfim, cada um dava de si, o melhor que podia!

Eis se não quando... Voltam de novo, com ela a encabeçar o bando e de repente esboça qualquer coisa como " This is the last one... Gná Bôssnôv". Obviamente nao percebi logo, mas os da fila da frente olharam para mim, exprimindo uma cara do género "Aquela que tu pediste!".
Fiquei em extâse! Gritei, bati palmas, cantarolei... enfim, durante alguns minutos senti-me realizada!

Fica o conselho para ouvir. Natacha Atlas - Mish Maoul (2006)

1 comment:

colormeonce said...

quero ouvir sim senhor... mas tens que
me arranjar o cd... pode ser?
:) bjto