Chegou a hora.
Há alturas em que por mais que queira não consigo transmitir aquilo que sinto. As palavras esgotam-se, as frases surgem desarticuladas, a cabeça inquieta-se.
Assim me sinto.
É em momentos como este que a poesia surge roubada ou inspirada e diz aquilo que eu não consigo. É com Sophia que me despeço, abraçando a nova aventura.
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta – por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
mergulha nesse mar
em breve junto-me a ti ;)
conta novas. Tiago
Post a Comment