Wednesday, February 13, 2008

Chegou a hora.

Há alturas em que por mais que queira não consigo transmitir aquilo que sinto. As palavras esgotam-se, as frases surgem desarticuladas, a cabeça inquieta-se.

Assim me sinto.

É em momentos como este que a poesia surge roubada ou inspirada e diz aquilo que eu não consigo. É com Sophia que me despeço, abraçando a nova aventura.


Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta – por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

2 comments:

Anonymous said...

mergulha nesse mar
em breve junto-me a ti ;)

Anonymous said...

conta novas. Tiago